Durante a 4ª edição do Encontro Nacional de Seguro de Responsabilidade Civil, promovido pela Associação Internacional de Direito do Seguro (AIDA Brasil), o membro da Comissão de Responsabilidade Civil do Sincor-SP, Claudio Macedo Pinto, apresentou panorama de oportunidades e desafios do seguro cyber no Brasil. A transmissão está disponível aqui.

Além da palestra online, o encontro também foi realizado presencialmente na Escola de Negócios e Seguros (ENS), no dia 27 de outubro. O tema tratado pelos profissionais foi o gerenciamento de crise e o risco cibernético no Seguro de Responsabilidade Civil.

Segundo Macedo, o ambiente cibernético engloba uma série de riscos. Ainda que o cyber se trate de um seguro de responsabilidade civil de proteção de dados, esta é apenas uma pequena parte dos sinistros em potencial do ecossistema. “As apólices de seguro cyber possuem muitas exclusões e poucas coberturas explícitas. E estamos lidando com dois tipos de empresas: as que sofreram um ataque virtual e as que não sabem que já foram atacadas”, apontou.

O especialista apresentou alguns termos que definem os tipos de exclusão presentes nas cláusulas de cyber do mercado, como “silent coverage” (a exclusão de cyber nos demais ramos de seguros), “silent grey area” (exclusão de riscos tanto em cyber quanto nos demais ramos) e “silent wording” (coberturas, principalmente exclusão não explícitas).

O corretor de seguros exibiu os resultados de uma pesquisa realizada com pequenas e médias empresas em relação a preparação financeira frente um suposto ataque cibernético. “70% das empresas acham que não correm risco de sofrer um ataque, 23% reconhecem o risco, mas não sabem como se defender e apenas 7% dos consultados falaram em seguros como método de prevenção”, garantiu.

Ainda segundo o membro da Comissão de RC do Sincor-SP, no mercado há um equívoco comum de que para mitigar o risco cibernético basta o prestador de serviços se adaptar à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Macedo, entretanto, menciona sinistros que vão além da LGPD. “Os lucros cessantes e o ransomware são os problemas virtuais mais recorrentes do setor. Há, diariamente, cerca de 1,5 mil tentativas de ataques cibernéticos a empresas. O cyber tem que ser mais contemplado nas apólices”, esclareceu.

Por fim, o especialista fez uma breve crítica a cultura cyber no Brasil, definindo-a como boa, mas com muito espaço para melhorias. “As seguradoras têm que revisar a maneira de analisar riscos cibernéticos. Falta uma proatividade para adentrar, de fato, o mercado de ofertas desse tipo de seguro. Ainda existem muitas brechas nas apólices, mas acredito que a tendência seja um desenvolvimento expressivo, seja pela prevenção ou pela dor dos sinistros”, concluiu.

Fonte: Sincor-SP, em 31.10.2022