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O segundo dia do Conec 2025, realizado em São Paulo, trouxe reflexões decisivas sobre o futuro do setor de seguros no Brasil. No painel da Trilha 9, que teve como tema “Open Insurance, SPOC e APV - Desafios e Oportunidades”, lideranças discutiram as mudanças regulatórias, os impactos da transformação digital e o papel dos Corretores de Seguros nesse novo cenário. Estiveram presentes os presidentes da Fenacor, Armando Vergilio dos Santos Júnior; da ENS, Lucas Vergilio; da CNseg, Dyogo Oliveira; e do Sincor-SP, Boris Ber, que foi o mediador. O vice-presidente da Fenacor, e Manuel Matos, também participou.

A regulamentação da antiga Associação de Proteção Veicular (APV), que agora passa a se chamar Proteção Patrimonial Mutualista (PPM), foi um dos pontos centrais do debate.

Armando Vergilio explicou os avanços trazidos pela Lei Complementar 213/2025, aprovada com ampla maioria no Congresso, que estabelece um novo ecossistema para essas entidades e para a criação de cooperativas de seguros.

Segundo ele, mais de 2.200 associações já se cadastraram, embora o número deva cair após o processo de regularização.

O presidente da Fenacor ressaltou que a regulamentação era necessária para dar segurança jurídica e equilíbrio ao mercado e destacou que a participação nesse segmento é uma escolha. “Tinha que ser regulamentado sim, estamos no caminho certo, e participa desse mercado novo quem quiser, nenhum corretor é obrigado”, afirmou.

Ele anunciou ainda o lançamento, até o fim do ano, de um plano diretor para o desenvolvimento da distribuição de seguros, voltado para a capacitação e requalificação dos corretores.

Enfatizou também que, para permanecer relevante, o Corretor precisa se transformar em um provedor de soluções, diversificar sua atuação e se atualizar continuamente. “Nosso trabalho é garantir que o Corretor siga sendo protagonista para o consumidor, segurado e seguradora”, destacou.

Na sequência, Lucas Vergilio abordou o impacto das novas tecnologias no setor. Para ele, ferramentas como big data, inteligência artificial generativa e automação trarão maior eficiência nos processos, redução de custos e personalização em tempo real do atendimento.

Isso permitirá que o corretor foque cada vez mais na venda e no relacionamento com os clientes. “O Corretor terá que estar antenado a tudo isso. Open Insurance e SPOC serão consequências, ferramentas que podem ou não ser diferenciais nesse mercado”, afirmou.

Ele também destacou o potencial de crescimento em segmentos como seguros de vida, saúde e riscos cibernéticos, que tendem a ganhar espaço no consumo da população brasileira. Ao mesmo tempo, chamou atenção para os riscos relacionados à desigualdade de infraestrutura tecnológica, às mudanças climáticas, às tensões geopolíticas e às exigências de ESG, que devem exigir novas soluções e regulação.

Em sua fala, Dyogo Oliveira destacou a importância do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), construído de forma colaborativa entre entidades representativas e a CNseg.

O programa, segundo ele, busca ampliar a participação do seguro na economia, estabelecendo metas de alcançar 10% do PIB em arrecadação. “Hoje temos aproximadamente 6,5% do PIB de arrecadação e 4,5% de pagamento. São metas ambiciosas, mas confiamos que, dentro desse trabalho conjunto, conseguiremos alcançá-las”, afirmou.

Ele explicou que o PDMS está estruturado em quatro eixos principais: melhorar a imagem do seguro junto à sociedade, desenvolver e aprimorar produtos, fortalecer a distribuição com a atuação dos corretores e manter um canal regulatório ativo em diálogo com o governo e a Susep. Para Dyogo, o plano é dinâmico e precisa ser constantemente alimentado por novas ideias, sendo um espaço aberto à participação de todos.

Dyogo Oliveira lembrou que, antes da nova lei, a Susep não tinha instrumentos legais para fiscalizar e encerrar associações de proteção veicular que atuassem de forma irregular. Com a regulamentação, o cenário muda. “Agora teremos um mercado mais saudável, com competição adequada, o que contribui para o crescimento de todo o setor”, afirmou.

Por sua vez, Manuel Matos reforçou a relevância do PDMS ao afirmar que se trata do documento de planejamento estratégico mais importante das últimas duas décadas no setor. Ele lembrou que, diante das mudanças aceleradas pela pandemia e pela transformação digital, o corretor de seguros se mantém como elo fundamental na distribuição e no relacionamento com o cliente, reforçando a máxima de que, em tempos de inovação tecnológica, o canal ganha ainda mais relevância do que o próprio produto.

O consenso entre os debatedores foi de que, apesar das transformações tecnológicas, regulatórias e culturais, os corretores seguem como protagonistas da distribuição no Brasil, responsáveis por mais de 90% das vendas. No entanto, sua relevância dependerá da capacidade de acompanhar as mudanças e de assumir um papel mais consultivo e estratégico.

A mensagem final do painel deixou claro que o futuro do mercado de seguros será moldado pela inovação, pela regulação e, sobretudo, pela adaptação dos profissionais que estão na linha de frente.

Fonte: Fenacor, 27.09.2025