O título é a frase utilizada pelos Sindicatos dos Correto­res de Seguros para divulgar seus associados. E ela é verdadeira em relação à comercialização de seguros no Brasil.

Cada país tem características que o fazem único, ocupando um território definido e com uma população com traços próprios. Se essas condições não forem levadas em conta, qualquer tentativa de ação num determinado país estará fadada ao fracasso. Isto se aplica à comercialização de veículos, de geladeiras e de seguros, indiferentemente. Não adianta vender carro caro para quem só pode ter carro barato. Não adianta vender geladeira elétrica para quem só tem querosene. Não adianta vender seguro de terremoto para moradores de um país que não tem terremotos. E, no Brasil, quem conhece melhor a realidade nacional e as apólices de seguros que podem melhor proteger a população é sem dúvida nenhuma o corretor de seguros.

É por isso que a frase do título ganha relevo especial e faz este profissional adquirir uma importância enorme na hora de se contratar um seguro. De acordo com a lei, o corretor de seguros não é figura obrigatória na operação de contratação de seguro. Aqui, mais uma vez, a lei brasileira se ultrapassa e, com a mais absoluta falta de bom senso, determina que o que é obrigatório é o pagamento da comissão de corretagem, que se não for feita a um corretor de seguros, deve ser feita em favor da Funenseg (Escola Nacional de Seguros), para que com esse dinheiro ela possa desenvolver cursos e aprimorar o treinamento profissional dos corretores.

Então, se o corretor não é obrigatório, por que as próprias seguradoras se valem deles para vender a maior parte de suas apólices? A resposta é simples: o corretor de seguros é quem conhece melhor os produtos de seguros e, portanto, é quem pode aconselhar melhor o segurado, na hora de escolher um seguro.

No mundo todo existem basicamente quatro grandes canais de venda de seguros. A venda direta, o corretor de seguros, o agente de seguros e os sistemas de agências bancárias ou pontos de vendas, como as lojas de supermercados. Cada um tem evidentemente vantagens e desvantagens, que aumentam ou diminuem em função das tipicidades de cada país e de cada povo.

Em alguns países os quatro canais convivem harmoniosamente, cada um atendendo um determinado tipo de público. Em outros, três, em outros, apenas dois. No Brasil não existe a figura jurídica do agente de seguros, o que reduz o universo, sob a ótica legal, a três canais de venda, sendo o mais tradicional o corretor de seguros.

Todavia, não seria sensato os conglomerados financeiros não se valerem de suas redes de agências para vender seguros. Assim, trinta anos antes de o resto do mundo perceber a importância de uma rede de agências bancárias para comercializar seguros, os bancos brasileiros começaram a vender seguros através de suas redes, com maior ou menor sucesso, dependendo do desenho adotado em cada um deles.

Mas o que parecia uma ameaça para o corretor de seguros acabou não se concretizando. Os próprios bancos perceberam que as agências são canais importantes de venda de produtos de seguros, mas não de qualquer tipo de seguro. Elas podem funcionar eficientemente na venda de produtos muito simples ou de preço muito baixo, que inviabilize a sua comercialização através dos corretores de seguros.

Assim como um corretor de seguros não é um especialista em aplicações financeiras, um gerente de banco não é um especialista em seguros, e esta verdade elementar começou a ter um custo alto, porque os funcionários dos bancos estavam vendendo mal produtos que eles não conheciam.

Seguro é vendido com olho no olho. É uma venda que exige confiança em quem vende. E essa confiança só nasce do contato pessoal e na hora em que o segurado percebe que quem o está atendendo conhece o produto que está vendendo. E quem tem esse perfil é o corretor de seguros.

Fonte: Texto extraído do livro Temas de Seguros, de autoria de Antonio Penteado Mendonça, 2ª edição, 2010, páginas 145 a 147.